No fundo, no fundo, todo mundo gosta de um bichinho de estimação. É certo que eles fazem uma bagunça tremenda, mas é sempre bom ter a companhia deles. Eu prefiro os cães de médio e grande porte e já tive alguns, mas nos últimos dois anos e meio estou impossibilitada pois me mudei para um apartamento.
Não acho certo quem ama mais os bichos do que as pessoas, mas todo mundo concorda que não dá pra aceitar quem maltrata os animais. Então, pra você que tem um bichinho de estimação e quer cuidar bem dele, segue abaixo uma matéria publicada na Revista Veja São Paulo.
Guia do Pet Saudável
Vinte perguntas e respostas sobre o que é preciso saber para deixar o seu mascote livre de problemas
Bicho de estimação doente tira qualquer dono do sério. Se você é do tipo que prefere prevenir a remediar, vai curtir as vinte respostas a seguir, elaboradas com o auxílio de veterinários da Universidade de São Paulo, do Hospital Veterinário Sena Madureira e do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi.
Dependendo da cobertura escolhida, planos de saúde para animais cobrem desde consultas ao veterinário até transfusões de sangue e partos. Segundo o veterinário Mário Marcondes, diretor-clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira — onde uma consulta simples custa R$ 150,00 —, o dono de um pet pode gastar até R$ 10.000 por ano se for preciso visitas ao veterinário, exames e tratamentos para o mascote. Na empresa Mister Saúde Animal, os planos de saúde vão de R$ 33,00 a R$ 92,00 mensais, dependendo da cobertura, um total de R$ 396,00 a R$ 1.104,00 por ano.
Além dos vários tipos de viroses, facilmente prevenidos pelas vacinas anuais, os hospitais veterinários recebem muitos casos de problemas dermatológicos. “Como é externo, os proprietários percebem logo”, explica Denise Schwartz, doutora em veterinária pela Ohio State University e professora da USP. Segundo ela, donos de bichinhos mais velhos devem ter cuidados especiais, já que há vários problemas típicos da idade, como diabetes, insuficiência renal e problemas cardíacos.
– Em caso de traumas, como atropelamentos, é preciso manter a coluna do animal intacta durante o transporte até o veterinário — procedimento semelhante ao adotado com humanos. “É possível colocar uma tábua embaixo dele, com muito cuidado”, ensina Denise Schwartz, professora de medicina veterinária da USP.
– Caso haja sangramento, faça pressão com um pano para estancar. Também é importante limpar rastros de sangue no focinho e na boca do animal, para liberar as vias aéreas.
– Cães e gatos controlam a temperatura corporal de maneira diferente da nossa. Assim, após acidentes, tendem a ficar muito quentes. “Para evitar que a alta temperatura vire hipertermia, envolva uma toalha molhada no animal”, recomenda Márcio Moreira, do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi.
Preste atenção em dois sintomas: mau hálito e sangramentos na boca. No caso dos cachorros, outro sinal é a perda de interesse em brinquedos de roer — pode ser indício de que ele sente alguma dor ao mastigar, por exemplo. “Tártaro e gengiva inflamada são os problemas mais comuns em cães e gatos”, diz a veterinária Michèle Venturini, da clínica Odontovet.
No momento, duas se destacam. São elas:
– Tomografia computadorizada — Funciona como nas realizadas em pacientes humanos. Ou seja, uma máquina “escaneia” o animal e faz uma réplica virtual em três dimensões. O exame é útil em casos de traumas e antes de cirurgias. O preço, que varia segundo fatores como porte do animal e a região do corpo a ser analisada, varia entre 500 e 1.500 reais.
– Marca-passo — Sua utilização em cachorros está sendo estudada na USP. “Geralmente, animais que têm alterações no ritmo cardíaco podem ter convulsões, por causa da diminuição da oxigenação cerebral”, explica a professora Denise Schwartz. A cirurgia custa entre 2.000 e 2.800 reais.
Sim. Mas há uma série de pré-requisitos a que precisam atender para serem considerados aptos à doação. Além de estar vacinado e vermifugado, o bichinho precisa pesar mais de 25 quilos e ser clinicamente sadio. Também não pode ter passado por nenhuma cirurgia recentemente e deve ficar duas horas em jejum, antes de fazer a transfusão. Se aprovados, tornam-se parte de um banco de doadores por um ano.
Sim. Existem três entre os bichanos: A, B e AB. A semelhança com os tipos humanos para por aí — os dois são completamente diferentes e jamais devem ser misturados. Os cães têm sete tipos sanguíneos principais, que compõem um sistema chamado DEA, sigla em inglês que signidica “Antígeno Eritrocitário Canino”. Assim, há desde o DEA 1 (que se subdivide em outros três, o DEA 1.1, o 1.2 e o 1.3) até o DEA 7. A diversificação da espécie é tamanha que ainda há tipos sanguíneos sendo descobertos. “Um mesmo cachorro pode ter variedades diferentes”, diz o veterinário Márcio Moreira, da Universidade Anhembi Morumbi.
Podem ser as piores possíveis, principalmente quando se trata de medicamentos criados para humanos. Gatos, por exemplo, podem morrer se consumirem paracetamol, presente em marcas populares como Tylenol. “Eles não possuem uma enzima necessária para metabolizar esse analgésico”, explica Mário Marcondes Hospital Veterinário Sena Madureira.
Em termos. “Pode-se recorrer a uma intervenção com remédios convencionais ou homeopatia”, diz o veterinário Mauro Lantzman, doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP e especialista em distúrbios de comportamento em animais. “Mas antes é importante analisar fatores como o ambiente em que o bicho vive.”
Apesar de já existirem medicamentos palatáveis, mais fáceis de administrar, muitos gatos fogem de pílulas como vampiros de alho. Se o seu não for diabético, algumas gotas de leite condensado sobre o remédio são suficientes para torná-lo mais atraente. Caso ele tenha a doença — ou se o truque do leite condensado não funcionar —, embrulhe o comprimido em comida de gato e cole no céu da boca do animal.
“O gato é um animal bem independente, gosta de explorar o ambiente, mas é possível”, explica Mário Marcondes, do Hospital Veterinário Sena Madureira. O especialista compara os bichanos domésticos aos tigres e leões, felinos capazes de aprender truques e obedecer ordens — os domesticados, é claro.
Sobretudo, doces e massas. Apesar de o mais recomendável ser manter uma dieta somente à base de ração, alguns animais não se adaptam, e podem precisar comer arroz e outros ingredientes típicos da dieta humana. Comidas como a berinjela e a batata podem provocar gases, pois se fermentam no trato digestivo.
Apenas animais que precisam de hidratação extra devem tomar soro ou água de coco. Fora isso, animais saudáveis não têm por que abrir mão da água filtrada.
Assim como nos humanos, a gordura indica que algo na dieta não anda lá muito equilibrado. Ao contrário do que os donos mais ligados na balança podem pensar, o aspecto corporal é mais importante que o peso em si. Se o pet acumula gordura na cintura ou no pescoço, ou se está com as costelas aparentes demais, é indício de que não tem comido bem. Outros sinais de má alimentação: pelagem opaca, coceira e queda acentuada de pelos.
Em alguns casos. Certos gatos têm pré-disposição genética a uma doença no trato urinário semelhante ao problema de cálculo renal humano. Essa enfermidade está relacionada ao pH da urina, que pode ser alterado por algumas rações.
Não há razões nutricionais para isso. Caso o bichinho passe a demonstrar menos interesse pela ração, é possível fazer testes com outras, mas sempre prezando pelo teor nutritivo e procurando marcas confiáveis. Outro ponto importante é servir as porções recomendadas pelo fabricante. Mesmo que seu pet coma muito, desconfie. “Quando o alimento não tem muitos nutrientes, o animal sente a necessidade de consumi-lo mais que o normal”, explica Mário Marcondes, do Hospital Veterinário Sena Madureira.
As fraldas higiênicas para cães, espécie de tapete absorvente, tanto servem para estimular os cães a urinar quanto ajudam a manter o ambiente limpo, já que impedem o xixi de se espalhar e mantêm o chão seco. No caso dos gatos, a areia deve ser trocada com frequência. Eles ficam incomodados com lugares sujos e tendem a segurar a urina caso não estejam satisfeitos com o local.
Todos os animais devem se exercitar, mesmo os que têm problemas cardíacos. “O mais importante é respeitar os limites do animal”, explica o veterinário Mário Marcondes. Língua para fora, relutância em continuar andando e respiração ofegante são maus sinais. Por causa da dificuldade dos cachorros em manter a temperatura corporal, os donos devem levá-los para exercícios antes das 10h. Após esse horário, o sol fica mais forte do que eles aguentam.
O tamanho não influencia nos exercícios aeróbicos, como caminhadas. O recomendado é que cada cachorro faça de vinte a trinta minutos de passeio por dia. “Conforme o animal for parando é preciso descontar o tempo”, explica Mário Marcondes, do Hospital Sena Madureira.
No caso dos gatos, como as caminhadas na rua são menos comuns, é preciso estimular as brincadeiras dentro de casa. A “cat nip”, tipo de erva que os deixa bastante agitados, é perfeita para isso: brinquedos que contenham a substância instigam o animal a brincar. O sedentarismo nos gatos pode causar obesidade e hipertensão.
Ellen Ramos – Jornalista, amiga e colaboradora do Cada Dia.